12/05/10
3º Bahia Afro Film Festival reafirma a vocação de Cachoeira para a sétima arte
Chico Castro Jr., do A TARDE
Um dos maiores centros de preservação da ancestralidade africana na Bahia, a cidade de Cachoeira, no Recôncavo, vai abrigar, pela primeira vez, o maior evento cinematográfico do Brasil ligado à cultura negra: o BAFF – Bahia Afro Film Festival, que chega à sua terceira edição.
Serão nada menos que dez dias de evento, com uma vastíssima programação, que abarca desde a exibição de filmes em mostras competitivas e fora de concurso, até debates, conferências, seminários, oficinas e shows musicais. Tudo gratuito, para um público estimado em até 25 mil pessoas. Para participar ou assistir, o interessado deve se inscrever no site do festival (www.bahiaafrofilmfestival.com.br) ou pelo telefone (71)3322-1279.
Exposição - A pré-estreia do festival será amanhã, no emblemático Dia da Abolição da Escravatura, com a conferência Os significados do dia 13 de maio de 1888, mais a abertura da exposição Imagens do Universo Afro, com obras de Hansen Bahia, Pierre Verger e Adenor Gondim, além de performance do Projeto Povo da Música, do Maestro Abolicionista Tranquilino Bastos.
Na sexta-feira, finalmente, haverá a abertura oficial, com as presenças do Ministro da Cultura Juca Ferreira, do reitor da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB) Paulo Gabriel e outras autoridades, além de Rosemberg Pinto, assessor da presidência da Petrobras, patrocinadora do evento.
niciativa da Casa de Cinema da Bahia em parceria com o curso de cinema da UFRB e com os Pontos de Cultura da Rede Terreiro Cultural de Cachoeira (Cepasc), o BAFF traz uma proposta, segundo seu coordenador Luiz Cachoeira, “baseada num conceito de festival que aborda a temática afro numa perspectiva de afirmar a influência da diáspora africana, tanto na Bahia, quanto no Brasil“, afirma.
Para o coordenador, esta influência, “precisamente em Cachoeira e no Recôncavo, tornou-se um valor imperativo na estética expressa nas diversas linguagens artísticas: na música, na capoeira, nas culturas tradicionais. Incluindo também o que é produzido com os refinos moderno e pós-moderno. Tudo isso exibe a força marcante da diáspora“, observa Luiz.
Polo cinematográfico - Outro aspecto marcante do festival é que, com a implantação do curso de cinema da UFRB, Cachoeira (a cidade, não o coordenador) bota na mesa suas intenções de se tornar um polo de produção cinematográfica mais ou menos nos moldes da cidade de Paulínia (interior de São Paulo), guardadas as devidas proporções.
“Com o curso de cinema implantado, o festival aponta para a necessidade de se estruturar um filmcomission ou bureau a fim de preparar a cidade para atrair uma tradição audiovisual e cinematográfica, viabilizando uma economia da cultura. Com o curso de cinema, resolve-se o problema da formação de uma mão de obra local especializada“, garante Luiz.
”Junte-se a isso o fato de Cachoeira ser uma cidade naturalmente cinematográfica, com todos os requintes do afro-barroco e sua arquitetura, mais os bens imateriais, como o seu jeito singular de ser, observadas as diferenças que tornam o Recôncavo praticamente uma nação nagô“, diz o coordenador. Na programação, entre longas, curtas e animações, será possível conferir filmes brasileiros, peruanos, americanos, italianos, colombianos e espanhóis.
Da Bahia, competem Doido Lelé, de Ceci Alves, Batatinha, Poeta do Samba, de Marcelo Rabelo e Pau Brasil, de Fernando Bélens, entre outros.
Confira a programação:
Quinta-feira, 13
Conferência Os Significados do Dia 13 de Maio de 1888, às 14h30, no auditório do Colégio Estadual da Cachoeira
Sexta-feira, 14
Abertura Oficial do III Bahia Afro Film Festival, às 20 horas, no auditório do Centro de Artes, Humanidades e Letras da UFRB. Às 20h30, exibição do curta-metragem Massapê, do cineasta homenageado Arnol Conceição. Às 21 horas, show de lançamento do CD 5 Sentidos, de Mateus Aleluia, com Orquestra Afro Sinfônica e convidados especiais
Sábado, 15
Começa a mostra competitiva, a partir das 14 horas, no auditório da UFRB. Começa também o III Seminário de Antropologia Audiovisual, às 8h30, no auditório da UFRB
Domingo, 16
Mostra de Filmes de Animação, a partir das 9h30, na Igreja do Rosarinho e na Escola Balão Mágico (em São Félix)
Segunda-feira, 17
Experiências de Produção e Difusão Audiovisual em Processos Educativos, às 8h30, no auditório da UFRB
Terça-feira, 18
Tela em Transe: Oficina de Cinema, com Operação de Câmeras Cinematográficas e Introdução ao Cinema Digital, às 8 horas, no Centro Cultural Dannemann (São Félix)
Quarta-feira, 19
Oficina: Análise Técnica do Roteiro À Procura de Palmares, a ser filmado em Cachoeira, às 8 horas no auditório da UFRB
Domingo, 23
Exibição dos Filmes Premiados No III BAFF, às 20 horas, no auditório
Inscrições no site bahiaafrofilmfestival.com.br ou pelo telefone (71) 3322-1279, gratuitas
http://www.cineinsite.com.br/materia/materia.php?id_materia=10478