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Em 31/08/1919, há exatos noventa anos, Dona Flora Mourão dava à luz José Gomes Filho, um menino franzino que, mal começou a ficar de pé no chão, já fazia um forró quentinho, um coco de improviso, colocava um diferente balanço no frevo e tornava parte de sua vida o samba e o pandeiro. Noventa anos que se transformarão em 100, em 1000, em uma eternidade diante da importância do legado que o Rei do Ritmo nos deixou. Mais que as cerca de 430 canções gravadas, mais que suas composições, Jackson também nos ensinou lições de humildade, de caridade, de bondade. O mestre tinha um coração feito de manteiga e que batia mansinho, fazendo tum-tum-tum. Que o digam, além de sua família, os seus inúmeros amigos, em especial aqueles que Jackson ajudou na carreira musical. Antônio Barros, Zé Calixto, Bezerra da Silva, Os 3 do Nordeste…simplesmente não dá pra enumerar todos. Ajudava a vida dos outros de graça, não deixava nenhum amigo desamparado nem jogado na rua. Jackson era daqueles que até a sanfona (ou o pandeiro) emudecia diante da saudade de um amigo. Tinha amigo do norte americano e até amigo boi tungão! É, mas o neguinho era esperto: se o camarada quisesse fazê-lo de quebra-galho, ele logo o via com desconfiança e aí e lhe dizia: “Nem vem que não tem, comigo não…você já era!” Ah, e quem ajudasse Jackson também era reconhecido, pois ele nunca deixava de citar, com muita razão, quem deu impulso à sua carreira e aqueles que o ajudaram a se levantar nos maus momentos, como Gilberto Gil, Caetano, Gal e João Gilberto. Além disso, Jackson, sujeito pacífico, pacato, não gostava de injustiça, denunciava o mundo cão e a situação em que o povo vivia, igual à cantiga da perua (de pior a pior). Para ele, o negócio era viver em um mundo novo, um mundo de paz e amor, com direitos iguais; onde os pais pudessem plantar uma semente do bem e colher um cabra feliz; onde todas as crianças pudessem ler o bê-á-bá na primeira lição e logo mais aprendessem a lição de tabuada no quadro negro. Nos 62 anos em que viveu, Jackson do Pandeiro nos ensinou não somente como se toca um pandeiro ou como se canta competente demais, mas também como viver e conciliar a fama e o sucesso com dignidade, bondade, humildade e amor.